Se antes era apenas uma ideia, agora é quase uma certeza: o Hospital-Escola do Centro Universitário Franciscano (Unifra) deve ser construído em outra cidade da região. Os entraves burocráticos anunciados na segunda-feira pela Secretaria Estadual do Meio Ambiente foram decisivos para a instituição admitir que estuda a possibilidade de levar o novo hospital para outro local. Com isso, o investimento de R$ 140 milhões, além de 390 leitos, com capacidade de baixa, média e alta complexidade, entre outros benefícios, podem ir embora.
Perder o Hospital-Escola significa deixar ir para outro município atendimentos - ainda sem definição de porcentagem- pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Também se deixa de criar uma alternativa para a população, o que pode resultar no desafogamento dos hospitais públicos de Santa Maria. Além disso, com a estrutura concluída, a estimativa seria de geração de dois mil empregos para profissionais em várias áreas.
Representantes de entidades da cidade estão descontentes com a possibilidade de ver o investimento sair de Santa Maria. Para o presidente da Câmara de Comércio, Indústria e Serviços de Santa Maria (Cacism), Luiz Fernando Pacheco, é incompreensível uma empresa da cidade ter que ir embora por ser barrada por um órgão público.
- É um prejuízo sem tamanho em investimentos e na economia. Não podemos aceitar que um órgão freie o desenvolvimento de Santa Maria e atrapalhe no crescimento da cidade - afirma Pacheco.
O presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL), Jacques Eskenazi Neto, projeta que a perda deste investimento afete no fortalecimento do comércio, onde lojas, restaurantes e até mesmo hotéis deixariam de ganhar.
- A saúde pública perde, as pessoas perdem com a não geração de empregos e os comerciantes deixam de ganhar - lamenta Eskenazi.
Na tentativa de levar apoio à instituição e não deixar o projeto ir embora, o
coordenador do Fórum das Entidades Empresariais, Evandro Zamberlan, promete que levará a discussão à reunião do Fórum.
- É preciso achar soluções. Caso contrário, Santa Maria irá chorar por anos essa perda - afirma Zamberlan.
Municípios da região também estão atentos
A Unifra confirma que outros municípios da região já manifestaram interesse em receber o hospital e admite que tem outras propostas e possibilidades, mas esgotará as chances de ficar na cidade.
- Não temos a decisão. Construir o hospital em outra cidade seria uma perda para Santa Maria e para a Unifra - concorda a reitora.
No final deste ano, a instituição acredita que abrirá vagas para o novo curso de Medicina. Cinco cidades têm convênios com a Unifra e seus hospitais receberão os acadêmicos.
Além de enfrentar a questão ambiental, o projeto ainda esbarra no Plano Diretor de Santa Maria, que considera o bairro Nossa Senhora de Lourdes uma zona residencial. Portanto, o espaço não comportaria a construção de oito pavimentos pretendidas na proposta do novo hospital. O projeto está sendo analisado pelo Instituto do Planejamento de Santa Maria (Ilan).
O prefeito Cezar Schirmer afirmou, por meio de sua assessoria, que espera que o problema envolvendo a Secretaria Estadual do Meio Ambiente seja resolvido.
- No que diz respeito ao município, vamos fazer o possível para viabilizar o hospital e o curso de Medicina da Unifra - disse o prefeito.
Laudos não seriam conclusivos
O Departamento de Florestas e Áreas Protegidas da Secretaria Estadual de Meio Ambiente (Sema) comunicou a Unifra, em reunião na segunda-feira, que anulou o Auto de Infração que originou o embargo à construção do hospital, em setembro de 2012. Mas isso não significa que o canteiro de obras está liberado. É que foi lavrado um novo embargo, e o processo rumo à liberação recomeçou do zero. Segundo a Unifra, a Sema não apreciou os laudos técnicos apresentados pela instituição de ensino, argumentando que o terreno pleiteado para o empree"